terça-feira, 24 de junho de 2014

Sobre implicâncias e chatices

Ser mãe tem desafios diários. Eu, pelo menos, boto minha capa de heroína e tento resolver as coisas da melhor forma. E, como reles humana, quebro a cara muitas vezes. Exemplo recente: o que fazer quando a filha de 11 anos conta das chacotas de uma colega de classe?

Dá vontade de tirar satisfação, rodar a baiana na escola, confrontar a família da agressora? Sim, dá sim. Mas dá e passa. Porque mãe que é mãe tem que ter a cabeça no lugar e (tentar) agir de forma sábia. Pelo menos esse é o meu lema.

Então eu converso e mostro que apelidos, implicâncias e chatices assim são a coisa mais comum do mundo escolar, acontece com quase todos nesta fase da vida e aos poucos vamos aprendendo a ser menos agressivos, mais solidários, menos competitivos e carentes - e mais fraternos. Será? É o que espero.

Explico que o mundo não é o ninho de afeto e acolhimento em que ela vive em casa. Que a vida pode ser dura, às vezes cruel, e muita gente com quem esbarramos no caminho é assim - uma pedra inoportuna que tem que ser enfrentada de alguma forma. Cada um descobre a sua forma - mas não adianta fugir da pedra, ela fica lá, à sua espera.

Criar menina, neste aspecto, talvez seja mais difícil do que ter um filho. Porque os meninos resolvem às vezes suas diferenças no braço, sem culpa; ou numa partida com bola, em campo. A agressividade é extravasada mais naturalmente. Meninas, não. Sabem ser cruéis com um sorrisinho no rosto, buscando popularidade e aceitação no grupo. Sei do que estou falando: já fui menina, acredite.

Muitas vezes, por trás do valentão da escola, da gatinha cruel e popular está uma história familiar complicada, uma trajetória de violência e abandono - ainda que cercada de luxo e consumo.

Filhote humano se lança fora do ninho e descobre que colega não é amigo; que convívio diário não é lealdade. Faz um voo curto e se machuca um pouco. Fazer o quê? Vamos cuidar dessa asa e rir um pouco disso tudo que é a vida.




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