segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Quem viver verá se não foi em vão

Moro no Rio de Janeiro. Nasci aqui, mas passei a maior parte da minha infância e adolescência em Minas, então me sinto uma mineira que mora no Rio. Olho a cidade com deslumbre e estranheza de quem vem de fora. Ao lado da mata e da praia, o mar de favela.

Já subi morro na zona Sul carioca, num projeto de educação ambiental, e fiquei espantada com a naturalidade com que os moradores da comunidade conviviam com o tráfico, a sujeira, a violência. Ao pé da escada, um grupo de jovens armados. Me aconselharam: "Entra sem olhar, cabeça baixa", ou podíamos comprometer a realização do projeto com as crianças. Um porco passou pela ruela, ao lado de um menino descalço, quase pisando no esgoto. Eu pensava cá com meus botões: não seria mais digno morar num bairro simples, distante, mas com infraestrutura? Uma moradora, do alto da favela, olhando mar e céu, me respondeu: "Mas e essa vista? No subúrbio não tem. E o trabalho fica aqui pertinho, tem praia, tem shopping." Existe uma lógica nessa sobrevivência que eu nunca entendi.

Nunca mais subi a favela. O projeto acabou, eu toquei minha vida. Muito tempo depois soube pela imprensa que havia sido pacificada, é uma das comunidades com UPP. Às vezes passo de carro por lá e imagino: onde está a moradora que ficava na janela? e o menino descalço, cresceu e virou rapaz do bem?

Quem viver verá se não foi em vão.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Outra obra de Niemeyer? Humpf!

Li hoje cedo em O Globo, na coluna Gente Boa, que o escritório de arquitetura de Oscar Niemeyer vai fazer a obra do restaurante Cascatinha, na Floresta da Tijuca. Niemeyer, de novo?!! Não entendo nada de arquitetura e não posso avaliar tecnicamente a escolha do arquiteto centenário para mais essa obra, mas pela minha percepção leiga, floresta e Niemeyer não combinam. Quando penso em Niemeyer penso em linhas retas e curvas simples, em muito concreto, em Brasília. Isso tudo, em plena floresta da Tijuca, ao lado de uma cascata, num restautante... não funciona. Mas quem sou eu para questionar a estética consagrada do mestre?

No entanto, sou uma cidadã brasileira, e fico me perguntando se todas as conquistas de obras públicas do escritório de Niemeyer são fruto de uma criteriosa concorrência, ou se não passam de uma insistente vontade de se fazer mais uma (talvez a última) homenagem ao grande arquiteto. Ainda mais tendo visto Niemeyer ao lado de Dilma Rousseff no recente encontro de artistas em apoio à candidatura petista.

Toda unanimidade é burra. E nós não somos burros, não é?


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dica para levar filhote humano: Chácara Tropical

Quando chega a sexta-feira, os pais começam a pensar: o que fazer com os filhos este fim de semana? Para fugir do esquema "cinema-clube-televisão", como disse o poeta Renato Russo, sugiro para quem está no Rio de Janeiro uma passadinha na Chácara Tropical, que fica no Itanhangá, onde vendem-se produtos para jardim e decoração. Os corredores com várias espécies de plantas - algumas bem interessantes para os pequenos, como as plantas carnívoras, diversos tipos de bromélias e bonsais - garantem o interesse deles no passeio.

Mesmo parecendo uma grande estufa, a loja não é abafada e úmida, mas bem fresca. Tem um clima ótimo, com atendentes simpáticos, que explicam ao pequeno cliente o nome das plantas e como cuidar delas. Dá para ver algumas peças de artesanto brasileiro que vieram de Minas e do Nordeste. Se bater uma fominha, tem um balcão com pães e doces à venda ou, para quem quiser um programa mais completo, um restaurante que serve café da manhã e almoço, com uma boa carta de vinhos. Uma pedida chique, bem ao lado da Floresta da Tijuca.

Para visitar: http://www.chacaratropical.com.br/

Juju e os bonsais da Chácara Tropical:

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A missão de educar

Hoje assisti a uma palestra sobre a missão de educar os filhos, ministrada por Samanta Obadia, filósofa e psicanalista. Compartilho aqui alguns ensinamentos de valor que ela nos deu.

Educar é uma missão muito maior do que a atividade diária de pai e mãe. Se no passado a estrutura familiar comportava a criança (pai provedor, mãe em casa full time, avós por perto), hoje pai e mãe são provedores e há novos arranjos familiares. Ainda assim, é preciso educar, encontrar tempo para isso. O ser humano precisa do outro para crescer. Nós pais somos como espelhos onde eles buscam se refletir. Por isso, a nossa casa deve ser um meio propício para o filho se educar. Se não tivermos o trabalho e a paciência de funcionar como esse espelho, outros serão - como a mídia, amigos, líderes - e nem sempre boas companhias e modelos. O bebê se comunica numa evolução de mamar - chorar - rir - brincar. E o brincar permanece por toda a infância. Temos que ter tempo para brincar com o filho. E não é ligar a TV, botar pra ouvir iPod e ir cuidar da casa. É usar o tempo com qualidade e interagir com a criança.

É preciso aprender a frustrar o filho. Não é ser cruel, não é só dar limite, é não atender a todas as vontades e caprichos da criança e do adolescente. Pais que trabalham fora o dia todo podem se sentir culpados e compensar essa ausência dando coisas materiais em excesso ou fazendo as vontades do filho. É um erro. Ao tentar deixar o filho feliz o tempo todo - com um quarto que parece um mini apart-hotel, com inúmeros cursos e horas de lazer, com passeios, viagens, consumo, falta de regras para alimentação, rotina e estudo - os pais podem causar o maior dano, que é não possibilitar ao filho a frustração. Sem frustração, não há superação. E sem superação, a pessoa não evolui. Esse papo de "tudo o que eu não tive vou dar ao meu filho" é furado. O filho precisa experimentar a frustração para se superar e construir algo por ele mesmo. Com frustração ele entende o sentido de limite e com limite ele entende e valoriza a autoridade. Um filho criado sem frustração e sem limites não respeita pais, professores, as leis.

Por fim, uma frase que para mim caiu como uma receita simplificada de como cuidar desses filhotes humanos: alimentação saudável + exercício + sol + frustrações e... AMOR!

Para todas as mamães que lerem este post: boa sorte para todas nós nesta complexa missão.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Brunettes: Anne Hathaway

Para quem tem a pele bem clara (eu!) e o cabelo bem escuro (me, again!!), é um colírio ver brunettes lindas por aí, fazendo sucesso e destilando estilo. Lealdade morena. Anne Hathaway é dessa categoria. Tem coisa mais bacana do que as peças que ela veste em O Diabo veste Prada, na fase pós-fashionista? E em Agente 86, ela continuou arrasando na telona, com modelitos Chanel.

Desde Diário de Princesa acompanho o trabalho de Hathaway como atriz - minha filhota Juju adora o filme e já (re)vimos juntas umas 300 vezes. É o conto de fadas do patinho feio misturado com Cinderella século XXI. Para mim, Anne é a Julia Roberts da nova geração. Ela é linda, mas não tão linda que amedronte as mulheres longe do Olimpo das celebs. Parece aquela amiga querida que a gente tem e que se veste sempre superbem - mas nem sempre acerta a escolha dos homens (vide o petit escâdalo financeiro do namorado italiano Raffaello Follieri).

Então, um brinde à beleza, frescor, talento e estilo de Anne Hathaway.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

450 milhões

O jornal Folha de São Paulo publicou hoje matéria sobre um possível caso de tráfico de influência envolvendo o filho da agora ex-ministra da Casa Civil. Para conseguir a liberação de uma linha de crédito do BNDES para uma empresa de Campinas, o rapaz, filho da então ministra, receberia R$ 450 milhões de taxa de sucesso, caso o dinheiro fosse liberado pelo banco.

São R$ 450 milhões. É muito dinheiro. O que dá para comprar com isso?

O Brasil tem 61 milhões de crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos. Estes filhos do Brasil são, em sua maioria esmagadora, filhos de gente simples e comum, sem pai nem mãe no governo.

Com o dinheiro que supostamente o filho da ex-ministra iria receber, seria possível comprar para cada um dos 61 milhões de filhos do Brasil cinco cadernos brochura; ou um microdicionário da Língua Portuguesa; ou uma lata de leite em pó; ou um  pacote de 2 kg de laranja; ou um pacote de 1kg frango; ou duas embalagens de pão de forma.

O mesmo valor de R$ 450 milhões pagaria por 47 mil bolsas de estudo de um ano em escolas particulares de boa qualidade, a R$ 800 a mensalidade, para quem merecesse e precisasse. Ou ainda 3 milhões de vacinas contra a meningite, a um preço de R$ 150 no consultório de pediatra.

Pesquisei na internet mas não achei o preço de um pacote de ética, de um quilo de caráter, de um punhado de vergonha na cara.

E para você, quanto vale um filho do Brasil?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

15 pixels de fama com... Monica Solon

Monica Solon é brasileira residente em Londres, jornalista, mestre em Creative Writing e roteirista de cinema, além de amiga desta blogueira que vos fala. Ela é a primeira convidada para o "15 pixels de fama", um post com o perfil de alguma mulher digna de nota.
Eu sou... Monica Solon Meu mundo é... contar estórias. Escrevo romances e roteiros. GPS... Estou agora num quarto localizado no sótão de uma casa em Pimlico, Londres, Inglaterra. Lembrança mais querida... tudo sobre o meu irmão Marcelo e todas as minhas viagens ao País de Gales. Se o mundo acabasse amanhã... primeiro abraçaria todas as pessoas que eu amo. Depois ficaria feliz: vou encontrar o Marcelo. Depois pensaria: pra que planeta a gente vai agora? Um livro, um filme, um site... Livros: Trilogia Senhor dos Anéis (Tolkien), Pablo Neruda, Fernando Pessoa e Rimbaud. Filmes: Trilogia Senhor dos Anéis, Guerra nas Estrelas (original), Fanny & Alexander. Site: Blog do roteirista John August (johnaugust.com) O que toca no meu iPod... Não tenho iPod (música gruda no meu cérebro). Paul Simon, Simon & Garfunkel, Madredeus, Dead can Dance e Chico Buarque são bem-vindos pra grudar no meu cérebro. Clássicos tambem. Colírio para os olhos... James McAvoy. Dá água na boca... Chocolate e sorvete. Consumo e felicidade... Gosto de comprar livros, DVDs e gadgets (computadores, iPad, Kindle e coisas do gênero). Ah, "jelly bean" também (balinha tipo Delicado). Espelho, espelho meu... Estou sempre atrás de coisas pra cabelos que só fazem o que querem. Comprei uma tesoura de desbastar e estou amando aparar o cabelo com ela. Boca no trombone... Detesto atrasos e a corrupção que contamina todas as esferas no Brasil. Mulheres dignas de nota... Mariana Kanitz, Luciana Monteiro e a Madre Teresa. Pra fechar com chave de ouro... Não desistam. Nunca. Se não acontece é porque algo melhor está por vir.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Felicity

Felicity é um seriado de TV americano, está em permanente reprise no canal Sony da TV paga. Conta a história de uma jovem na universidade e os conflitos que ela vive com a família, os amigos, a definição por uma carreira, a definição entre dois homens. Felicity às vezes sofre tanto que eu a chamo de Tristicity.

Em conversa com a terapeuta, Felicity diz que está difícil saber o que fazer, porque quer fazer a coisa certa. E a terapeuta, do alto da sua sabedoria, responde: "Forget about doing the right thing. Just do what you want. And what do you want?" (Esqueça sobre fazer a coisa certa. Apenas faça o que você quer. E o que você quer?) É engraçado como às vezes, no meio de uma sessão pipoca, surge um diálogo que captura o meu ouvido.

Somos educadas para fazer a coisa certa. Desde pequenas, pais, avós, professores nos indicam o caminho certo, em oposição ao caminho errado. O caminho certo pode ser mais longo, pode ser mais árduo, mais íngreme, mais solitário, mais penoso. É raro alguém dizer que o caminho certo é fácil. O caminho certo é como o trilhado por um atleta em busca de uma medalha, um vestibulando em busca de uma vaga da faculdade, uma mulher em dieta: sacrifícios que levam à conquista do que mais se deseja.

E quem define o certo do errado e o caminho do descaminho? Não estou falando de ética e de valores morais que são universais. Estou falando de opções pessoais, as inúmeras decisões cotidianas e as poucas grandes definições que, juntas, formam a nossa vidas.

Como no drama de Felicity, já errei o caminho, mudei de rumo, atravessei pontes, cruzei fronteiras, vislumbrei precipícios, parei à beira da estrada, perdi a bússola, rasguei o mapa, me perdi e me reencontrei. E cada passo, certo ou errado, me trouxe até aqui.



sábado, 4 de setembro de 2010

Amigas

É raro encontrar uma amiga. Mais raro ainda mantê-la ao longo da vida.

Às vezes uma amizade nasce quando somos meninas e os interesses são comuns. Com o passar do tempo, surgem as diferenças de valores, de criação, de classe social e, no arrebatamento da adolescência, é raro manter a amizade com quem curtimos os primeiros tempos de sala de aula. Tive uma amiga querida dos oito aos 15 anos, éramos inseparáveis e confidentes. Depois de dois anos estudando no exterior, voltei ao Brasil com a cabeça cheia de ideias e novas experiências. Ela tinha ficado lá, na cidade do interior, numa vida tranquila e bem parecida com a que eu tinha antes de viajar para fazer o high school fora. No nosso reencontro, após aquele estranhamento inicial, logo começamos a conversar, mas algo já havia mudado. Ela queria ir a um show de uma banda pop demais para o meu gosto. Eu a achei infantil e fútil, ela deve ter me achado uma chata. Assim, a amizade morreu, e até hoje ficou uma tristeza em mim por isso. Essa amiga conheceu o que havia de mais puro e simples em mim, a minha infancia.

Tenho conversado muito com minha filha de sete anos sobre a amizade entre meninas. Parece que os meninos se entendem melhor, pegam a bola e saem jogando, quando se estranham resolvem suas diferenças com alguma agressividade, para logo estar tudo bem. Entre as meninas, é diferente. Parece haver mais fofoca, disputa de poder, panelinhas e uma carga significativa de melodrama. Estamos falando de garotas de sete anos ou de qualquer idade?

Porque cada uma de nós tem uma história para contar sobre uma amiga que roubou o namorado, ou o cargo, ou se bandeou para a outra turma; ou de uma amiga que estava ao nosso lado na tristeza, mas não aguentou ver o nosso sucesso. É uma dança das cadeiras da amizade e ninguém quer ficar de pé sozinho no final. Ter uma amiga fiel e leal ao longo da vida adulta é uma dádiva, ter um grupo delas é um presente de Deus. Não estou falando dos conhecidos que tuitam, orkutam e facebookam com a gente. Mas de amigas de verdade - para quem não há tempo nem distância, que nos acolhem quando estamos mal e, mais raro ainda, vibram quando estamos lá no alto, na crista da onda.

No filme Sex and the City, adoro o olhar de Medusa que a normalmente romântica Charlotte lança para o poderoso Big, depois que ele abandona Carrie no casamento, enquanto gentilmente empurra a amiga para dentro do carro. Um olhar de ira e um toque de proteção, a força feminina que nenhum poder masculino consegue apagar.


quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Anita Malfatti

Este final de semana fui à exposição de quadros da Anita Malfatti no CCBB, que traz algumas das principais obras da artista, inclusive quadros de coleções particulares. Levei minha filha de sete anos e depois de ver a exposição, nos divertimos com os livros infantis da Livraria da Travessa, dentro do Centro Cultural. Este é sempre um bom passeio. Anita fez parte da Semana de Arte Moderna de 1922 e integrou o Grupo dos Cinco com Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Tarsila do Amaral. Nascida no final do século XIX e tendo vivido em uma época em que as mulheres tinham que se submeter às escolhas de vida definidas pela família e a sociedade, Anita defendeu o seu direito de ser pintora e o seu estilo como artista. Como ela mesma disse: "Tomei a liberdade de pintar a meu modo."
Livro "Anita Malfati - Tomei a liberdade de pintar a meu modo",
que reproduz mais de 140 obras da artista.
"Colheita de algodão"
"Auto-retrato"

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Se não durar para sempre

Uma jovem amiga vai se casar em breve. Numa conversa essa semana, ela me pergunta: "E se não durar para sempre?"

É uma preocupação real. Em 2007, para cada quatro casamentos, foi registrada uma separação, segundo o IBGE. Por outro lado, 2009 foi o ano em que a taxa de casamentos teve o seu maior nível desde 1995. Ou seja, cada vez mais os brasileiros se casam, mas 1/4 dos casamentos pode terminar em divórcio.

Respondi a minha jovem amiga que o casamento era uma conquista diária, cada dia formando esse caminho duradouro que ela almeja. Que nós mudamos ao longo da relação e é preciso ir se redescobrindo, se reapaixonando. Que era preciso amor e respeito. Que afinidades, valores e projetos de vida semelhantes podiam ajudar, mas que eu já havia visto casais felizes com estilos, origens, religiões, culturas diferentes. Que em algum momento pode haver uma ruptura momentânea, "morrer pra germinar". Mas, se não durar para sempre, que tenha um fim digno, que sirva de aprendizado, que deixe algo de valor. E então, é hora de seguir caminho, sozinha, mas de coração aberto.
´

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ação e contemplação

Outro dia eu estava com o coração apertado com um problema e precisava de um momento de paz e reflexão. Fui à igreja do meu bairro e logo uma moça desconhecida me entregou um santinho de Santa Marta.

Santa Marta aparece no Evangelho de São Lucas. Irmã de Maria e de Lázaro, ela recebeu Jesus, que era amigo de toda a família, em sua casa e se esmerou para acolher o Mestre da melhor forma. Enquanto sua irmã Maria ficava aos pés de Jesus ouvindo-o falar, Marta trabalhava para recebê-lo como boa anfitriã. Essa diferença na atitude das duas irmãs levou estudiosos a identificarem Marta como um símbolo de fé ativa e Maria, contemplativa.

Às vezes pedimos respostas e o que recebemos são perguntas. E naquele dia foi isso que eu senti. Como se me perguntassem: "o que você está fazendo para alcançar o que precisa, para resolver o seu problema?" Segui a inspiração de Santa Marta e, após meus preciosos minutos de contemplação, arregacei as mangas e fui à ação, para fazer acontecer.

Para fechar este post, escolhi o quadro do pintor holandês Johannes Vermeer (1632-1675) "Jesus em casa de Marta e Maria", parte do acervo da National Gallery of Scotland, em Edimburgo. Inspirador por si só.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Empreendedora ou assalariada?

Trabalhar fora de casa é a realidade de grande parte das mulheres urbanas. As mulheres representam 41% da força de trabalho, mas ocupam apenas 24% dos cargos de gerência, segundo Elisiana Probst, na tese "A Evolução da mulher no mercado de trabalho". Muitas de nós já vivemos isso. Após faculdade, curso de pós, MBA, idiomas, empacamos na gerência média, sem ver nossa carreira deslanchar para níveis mais altos de chefia. Geralmente isso acontece na faixa dos 30/40 anos, quando muitas estamos formando uma família, criando filhos. E o desafio de equilibrar casa e trabalho pesa mais do que nunca.

Comecei a trabalhar aos 18 anos. A carreira e todos os benefícios que ela trouxe - realização profissional, poder de consumo, independência financeira - foram por muitos anos uma fonte de satisfação para mim. Mas, especialmente após o nascimento de minha filha, pesaram cada vez mais as longas horas extras no escritório, a disputa por poder, o stress e a pressão por resultados. Eu sentia que cada hora extra doada para a empresa era mais um tempo perdido com quem eu mais amava. E assim, em uma decisão difícil ainda que ponderada, pedi demissão do último emprego e abri uma pequena empresa com meu marido.

Segundo o Portal Exame, 20% das empresas fecham a cada ano. Portanto, é preciso ter muita convicção do que se está fazendo ao optar por abrir uma empresa, além de ter uma boa reserva financeira, pois os resultados podem demorar a aparecer.

No meu caso, empreender nos deu liberdade de definir o rumo de nossa vida, de investir recursos naquilo que acreditamos, de administrar nosso próprio tempo. As horas trabalhadas no final de semana são em prol de uma coisa nossa, de um futuro que estamos construindo. Por outro lado, é preciso matar um leão por dia, seja comercialmente, obtendo sempre novos clientes, como administrativamente, mantendo nosso padrão de qualidade lá no alto e ainda gerar lucro. Ufa.

Mas vale a pena. Faz menos de um ano que deixei de ser assalariada para ser empreendedora e estou muito satisfeita com a decisão. E você, é assalariada ou empreendedora? E seu sonho, é ser o quê?

Para saber mais:
Dicas para abrir uma pequena empresa: sebrae.com.br
Rede de mulheres empreendedoras: mulherempreendedora.com

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Dindim: Orçamento familiar

Há muitos anos eu utilizo uma planilha de orçamento familiar. Simples, simplérrima, um arquivo Excel. Mas é nela que lanço a receita que vai entrar em casa e a (longa) lista de pagamentos a serem feitos ao longo do mês. Essa planilha já virou quase uma amiga, de tão frequente que é o nosso contato. É quase uma confidente, ela sabe toda a minha vida. Nela lancei os gastos da minha filha - escola, cursos, babá - e senti todo o peso financeiro dessa responsabilidade. Ali estão os gastos com plano de saúde e remédios de meu pai, a prova concreta de meu amor filial. Se alguém acessar essa planilha, me desvenda!

Perguntei para a Bá, a nossa assistente aqui em casa, como ela controla as contas. Ela, empregada doméstica, casada com um mestre de obras e mãe de três filhos adultos, divide as contas entre as pessoas da casa. Com isso, têm um imóvel financiado, TV por assinatura, telefone fixo e celular para cada um, além de carnês na Casa Bahia, Ponto Frio e Leader. O netinho de dois anos - única criança da família - está em escola particular e todos eles entram no racha da mensalidade. Mas sem planilha Excel nem caderninho para controlar as despesas. "Eu coloco as contas numa pastinha, o dinheiro vai entrando e eu vou pagando", diz a Bá.

A coluna "Seu Bolso" da Chrystiane Silva, da revista Você S.A., dá a seguinte fórmula de orçamento, em percentuais, fornecida pelo consultor financeiro Augusto Sabóia:
- 20% para transporte, vestuário e alimentação;
- 20% para moradia;
- 20% para educação (no caso de um adulto, inovação em tecnologia e atualização profissional);
- 15% para lazer;
- 25% para poupança.

Para o mundo que eu quero descer! Não sigo nem de longe esses percentuais. Mas, cada família e cada pessoa têm suas regras e necessidades. E você, como organiza (ou desorganiza) o seu dinheiro?

Para quem quer uma planilha: Revista Claudia

Para ler a coluna Seu Bolso: http://vocesa.abril.com.br/blog/seu-bolso/

Para desestressar: "SPC", com Zeca Pagodinho

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Elizabeth Bennet

Sou apaixonada pelos romances da escritora britânica Jane Austen. Meu favorito é Orgulho e Preconceito, pela forma sarcástica em que ela apresenta os dilemas relacionados a dinheiro, casamento e sociedade na aristocracia inglesa do século XVIII. Mas também é uma história de amor, que começa com os personagens (Elizabeth Bennet e Mr. Darcy) antipatizando um pelo outro, para depois se apaixonarem, apesar de todos os empecilhos.

Gosto também de assistir as produções em vídeo e comparar com o que imaginei lendo (e relendo) o romance. Aqui no Brasil você pode alugar (ou comprar) o DVD do filme lançado em 2005, com a Keira Knightley. Mas meu favorito é uma minissérie da BBC, em inglês, com Colin Firth como Mr. Darcy. Não é coincidência que o personagem de Firth em "Diário de Bridget Jones" também se chame Darcy, outro herói romântico.

Para ler o livro impresso: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/produto.dll/detalhe?pro_id=199192&pac_id=18669&gclid=CJ2dtODbyKMCFZxo5Qod9QMmug

Para ler e-book: http://www.amazon.com/Pride-and-Prejudice-ebook/dp/B000JMLFLW

Para ver o trailer do filme com Keira Knightley: http://www.youtube.com/watch?v=ARWfCBr0ZDM

Para ver cenas da minissérie da BBC: http://www.youtube.com/watch?v=hasKmDr1yrA

Maria da Penha

A Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em setembro de 2006, aumentou o rigor das punições das agressões contra a mulher em casa, na família e em relações afetivas. A recente condenação do ator Dado Dolabella e o caso do goleiro Bruno do Flamengo colocaram o assunto em pauta nas últimas semanas.

Escrevendo assim, parece uma realidade distante. Mas não é.

No programa Happy Hour de ontem, do GNT, a apresentadora Astrid Fontenelle teve coragem de relatar a experiência dela como filha, salvando a mãe de um companheiro agressivo.

Eu conheci mulheres que passaram por situação parecida. Uma delas era executiva de grande empresa, jovem e linda, envolvida com o chefe do setor e vítima de agressões verbais, psicológicas e físicas constantes. Com a ajuda de terapeuta, da família e de amigos, ela conseguiu se desvencilhar dessa tragédia e dar um rumo digno à própria vida. Mas nem todas conseguem.

Perto de você pode haver uma mulher que precisa da sua ajuda. Pense nisso.

Saiba mais:
Lei Maria da Penha: http://www.leimariadapenha.com/
Programa Happy Hour: http://gnt.globo.com/Happy-Hour/
Disque denúncia: http://www.disquedenuncia.org.br/

Mulher de fases

Do que é feita a vida de uma mulher urbana, na faixa dos 30/40 anos, hoje, no Brasil? De muitas faces: social, física, mental, financeira, profissional, religiosa, familar. Eu sou isso tudo: uma cidadã brasileira; vaidosa; leitora voraz e interessada em arte e cultura; classe média e administradora da casa; publicitária e microempresária; católica; mãe, esposa, filha, irmã, tia. Mas todos estes papéis somados não resultam na minha essência. Porque eu sou muito mais do que isso. Sou apenas uma mulher.